Em julho de 2022, a pintora Mirela Cabral decide romper o silêncio. Uma artista em ascensão, com fila de espera para comprar seus quadros, ela se encontra com advogadas para denunciar o que chama de seita. Mirela passou mil dias no Ateliê do Centro, de 2016 até 2018, e diz que decidiu vir a público para que outros jovens não sofram o que ela sofreu.
Mirela se encontra com as advogadas e narra o que diz ter vivido dentro do Ateliê do Centro. Xingamentos, tapas, puxões de cabelo e cenas que hoje considera abuso sexual fazem parte do seu relato. Enquanto se prepara para ir à polícia, ela ganha apoio de outro ex-discípulo, Dudu Farah, e a equipe do podcast encontra ex-fiéis que narram outras cenas de abuso.
Como um homem que nasceu numa família pobre no interior de São Paulo, e que não chegou a terminar o ensino médio, pode virar o líder de uma escola, em que exige ser chamado de “mestre”? O terceiro episódio de O Ateliê investiga o passado de Rubens Espírito Santo. Encontra ex-namoradas, amigos de décadas atrás e o artista com quem, no começo dos anos 2000, ele fundou o Ateliê do Centro.
Enquanto espera para fazer a denúncia à polícia, Mirela procura outras pessoas que passaram pelo Ateliê do Centro. Um funcionário que passou duas décadas no lugar confirma ter visto agressões ali dentro, e conta que uma vez disse para Rubens Espírito Santo: “Se você fizesse isso com um parente meu, só tinha dois caminhos para tu: a vala ou o saco de lixo”.
Uma jovem estudante topa se infiltrar no Ateliê do Centro para documentar o dia-dia da escola. Ao entrar, ouve de Rubens Espírito Santo: “Você lembra muito a Mirela!”. Enquanto é questionada pelo mestre, ela conhece outros discípulos e acaba sendo levada para a casa de Rubens.
É chegada a hora da denúncia. Depois de meses esquematizando o que diria à polícia e procurando pessoas que pudessem testemunhar e confirmar o que narra, Mirela Cabral vai para a Delegacia da Mulher abrir um boletim de ocorrência. Vão com ela duas outras ex-discípulas. O dia da denúncia, que para elas seria um grande dia, acaba se mostrando um dia grande, com esperas de horas e ida ao IML.
O que pensa a família de um jovem que fez parte de uma seita? O oitavo episódio de O Ateliê entrevista o pai de um ex-discípulo, que compartilha o que via e sentia nos anos em que seu filho fez parte do que ele pensava ser uma escola. Mirela, enquanto isso, escreve uma carta para seu pai, compartilhando seus sentimentos em relação a o que viveu.
O mestre fala. Rubens Espírito Santo recebe Chico Felitti e Beatriz Trevisan para uma entrevista de mais de uma hora, dentro do Ateliê do Centro. Ele nega que crimes tenham acontecido dentro da escola. Ao ser informado de que mais de 20 pessoas o acusaram de agir de maneira violenta, ele afirma que tudo o que aconteceu no Ateliê foi consentido. “Eu não fiz nada que alguém maior de vinte anos não esteja completamente condizente. Cara, vamos supor que você queira que eu proponha pra você agora: ‘Ô, Chico, posso colocar cinco brincos no seu ouvido?’. É crime isso? Se você permitir, se você falar que pode, é crime?”.
Três meses depois de se mudar para Londres, Mirela Cabral abre sua primeira exposição individual em Londres. O décimo episódio de O Ateliê se passa na Inglaterra, e documenta a noite de abertura dessa mostra de pinturas, muitas delas influenciadas pelo processo de denúncia em que Mirela entrou mais de um ano antes.