Em 2020 assinalaram-se os 40 anos da morte de Francisco Sá Carneiro. Mais do que objeto de conversas de circunstância, a figura do fundador do PPD/PSD emergiu (de novo) como uma das referências da democracia portuguesa, e a ele se juntou, mais uma vez, o nome de Snu Abecassis. A história de amor e de coragem de duas pessoas improváveis marcou o imaginário dos portugueses. Num tempo de revoluções, o país via ainda com preconceito as uniões de facto e convivia com incómodo com o divórcio. Esta é a história do encontro entre um homem de convicções fortes e uma mulher culta e sofisticada e como o amor moldou a vida de ambos até ao final trágico.
Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão: uma dupla que marcou indelevelmente a segunda metade do século XIX e continua, talvez mais hoje do que na centúria de novecentos, a ser uma fonte de descrição de Portugal e dos portugueses: dos seus defeitos, tiques, grandezas e misérias. A obra desta dupla e a sua ação, enquanto cidadãos, espelham um dos mais altos níveis de paradoxo do amor e repúdio por Portugal.
Foi em 1962 que nasceu uma das duplas mais profícuas da história do fado. "Asas Fechadas" foi o álbum que veio agitar o meio fadista e provocar uma enorme polémica. Foi olhado com desconfiança tanto pela classe intelectual como pelos meios tradicionalistas do fado. Mas o certo é que décadas depois estes temas então ousados entraram no repertório básico do fado, como se fizessem parte da tradição. A dupla Amália/ Oulman deixou marcas na história do fado: pela abertura que trouxeram quer à poesia erudita quer aos novos sons musicais que colaram para sempre à voz de Amália.
Na memória coletiva dos portugueses, as vidas de D. Sebastião e Luís de Camões cruzam-se de forma dramática na segunda metade do século XVI. Sonham com um Portugal grandioso, mas de diferentes maneiras. Luís de Camões e D. Sebastião estão, ainda hoje, bem presentes no imaginário os portugueses. Ao longo dos séculos, a dupla foi sendo relembrada e, muitas vezes, utilizada para fins políticos e propagandísticos... que chegam aos tempos de hoje.
Humberto Delgado e Henrique Galvão foram uma dupla que teve a coragem de falar de liberdade num tempo em que isso era pecado capital. A dupla que decidiu agir quando (quase) todos optaram por desistir. A ação de Humberto Delgado e Henrique Galvão durante as décadas de 50 e 60 do século passado, perturbou seriamente, e na prática, o regime de António de Oliveira Salazar. Adeptos de uma oposição musculada e com o recurso às armas, estes dois dissidentes do regime do Estado Novo realizaram manobras audazes de propaganda, deram esperança a multidões de portugueses e influenciaram uma geração de políticos e de militares que estariam presentes no 25 de Abril de 1974.
Carolina Beatriz Ângelo e Adelaide Cabete: foram mulheres de bagagem intelectual extensa, foram lutadoras ímpares e defensoras convictas dos ideais feministas. O seu dinamismo, frontalidade e forte personalidade não as deixaram dormir sobre os louros conquistados. Solidárias, bondosas e destemidas, não se limitaram a teorias. Foram à luta e conseguiram resultados enfrentando Governos e uma sociedade machista e (muito) pouco democrática. Numa sociedade em mudança, Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo foram fundamentais na influência do movimento feminista em Portugal, sempre moderado, nunca declaradamente subversivo nem violento. Para esta dupla, o feminismo foi mais do que alguma coisa de grande e sublime. Para elas representava a dignificação da mulher.
Cinco anos antes da viagem histórica de Charles Lindbergh, a dupla Gago Coutinho e Sacadura Cabral ligaram Lisboa ao Rio Janeiro por via aérea, através do Atlântico Sul. Viviam-se tempos de entusiasmo na aviação: por todo o lado, pioneiros tentavam bater recordes, alcançar o que nenhum outro (ou outra) tinha alcançado. Razões patrióticas, afetivas e técnico-científicas motivaram a dupla Sacadura Cabral e Gago Coutinho a empreender a viagem de Lisboa ao Rio de Janeiro por via aérea. A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro, ficou para a História pelo seu significado pioneiro, mas também por terem sido testados aparelhos de navegação que vieram a marcar a história da aviação.
O terramoto de 1755 e o atentado a D. José em 1758 bastariam para colocar a dupla na História..., mas toda a sua governação, e de forma muito particular a do Marquês de Pombal, deixou marcas na "arte de governar". A ação de D. José I e Marquês de Pombal, representou a afirmação da supremacia da realeza sobre os demais poderes e instituições. Foi no reinado de D. José que se inaugurou em Portugal a intervenção reformadora e autoritária do Estado e do Governo em múltiplos domínios da sociedade. Foi a governação do Marquês de Pombal que levou à constituição do que hoje chamamos "Governo" (as Secretarias de Estado) e à supremacia desse Governo e dos respetivos ministros sobre as outras instituições da administração central. Tudo isto permaneceu depois da dupla D. José I e Marquês de Pombal.
A paixão da dupla Virgínia Quaresma / Maria Lamas pelo jornalismo e pelos direitos das mulheres fizeram-nas quebrar barreiras e tornaram-nas pioneiras num país onde as mulheres eram, ainda, cidadãs de segunda categoria, submetidas aos pais ou aos maridos. Virgínia Quaresma e Maria Lamas foram pioneiras, em diferentes tempos, na profissão de jornalista num tempo em que as redações dos jornais eram "só" para homens. O seu legado permanece como símbolo de jornalismo, liberdade e igualdade. Foram combatentes e ativistas na luta pelos direitos das mulheres em Portugal. Mas foram, também cidadãs do mundo, saindo de Portugal empenhando-se em congressos e reuniões internacionais pelas causas das mulheres. A sua vida foi uma luta para que gerações futuras não tivessem mais que lutar... pelos seus direitos.
A história da dupla Afonso/Egas: uma história que dava uma boa série de ficção com aventura, ação, ambição e romance, mas que, apesar de ter quase 900 anos, tem muito a ver com o Portugal dos dias de hoje... tem "barões", "estrangeiros", "cunhas", "fake news" e "Estado", muito "Estado"... Vai conhecer a dupla D. Afonso Henriques/Egas Moniz, como nunca a conheceu!
Há cerca de 600 anos, Portugal enfrentou uma das suas maiores crises políticas que foi, também, um ponto de viragem na sua História, uma Refundação, e o momento da criação da dupla Mestre de Avis e Nuno Álvares Pereira. Um encontro fundamental para a vitória do futuro D. João I e a chegada de uma nova dinastia ao trono de Portugal. Com o apoio de Nuno Álvares Pereira, um estratega militar brilhante, o Mestre de Avis inicia uma série de batalhas contra as forças do rei de Castela. Com a batalha de Aljubarrota, os castelhanos são definitivamente derrotados e Portugal continua a garantir a sua continuidade como país independente.
O que permanece, hoje, da ação de D. Pedro IV e de D. Miguel? Como são vistos pelos manuais de História? A vitória de D. Pedro IV representou a conquista da direção do Estado por altos magistrados e funcionários da monarquia com o apoio dos comandos militares. Esta é a história de como a luta entre dois irmãos desavindos levou a uma revolução que mudou as instituições do nosso país. Ainda hoje, a Constituição da República Portuguesa deve à ousadia dos homens letrados, dos militares e dos comerciantes do Porto que participaram neste processo político há 200 anos, e que culminou com a primeira Constituição de 1822.
Joshua Benoliel e Aurélio Paz dos Reis foram dois fotógrafos, os melhores da sua geração, que acompanharam a evolução da revolução republicana e deixaram testemunhos fotográficos do que viram naqueles dias de Outubro de 1910. Para o monárquico Benoliel, foi o fim de uma era. Para o republicano Aurélio Paz dos Reis, foi a concretização de um sonho. Aurélio Paz dos Reis deixou cerca de 9000 chapas de vidro, os antigos negativos, que testemunham não só o pulsar da vida no final do século XIX mas também o seu espírito perfecionista e pioneiro. Joshua mostrou a fotografia tal qual ela é: a verdade subjetiva de uma realidade objetiva e uma forte preocupação com o conteúdo informativo das imagens, transmitidas segundo uma visão clara e nítida. Sem Benoliel e Paz dos Reis a história da fotografia portuguesa de inícios do século XX seria sem dúvida muito mais pobre.
